A investigação sobre a morte da jovem Paola Avaly Corrêa, de 18 anos, que teve sua execução gravada em vídeo, foi concluída com sete presos preventivamente, e um adolescente apreendido. A Polícia Civil divulgou detalhes do caso nesta quinta-feira (21). Eles respondem por homicídio triplamente qualificado – motivo torpe, meio cruel ou que dificulta a defesa da vítima e feminicídio, além de ocultação de cadáver.
Apenas um dos presos, que não teve a identidade divulgada, não foi responsabilizado pela morte.
O corpo da vítima foi encontrado no dia 17 de maio na Vila Tamanca, no bairro Lomba do Pinheiro, Zona Leste de Porto Alegre.
Os presos
O que motivou o crime
A ordem para que Paola fosse morta partiu de dentro da Cadeia Pública de Porto Alegre, do namorado da vítima, Nathan Sirangelo. Ele está preso por tráfico de drogas, porte ilegal de arma de fogo e tentativa de homicídio. Ainda assim, conforme a polícia, ele gerencia uma facção criminosa no bairro Bom Jesus, em Porto Alegre.
O casal se conheceu em dezembro do ano passado, por uma rede social. Nathan já estava preso nessa época, e começou a receber visitas íntimas de Paola, que logo se tornou sua companheira. A jovem se mudou para a casa de familiares do preso, e passou a ser sustentada por ele.
De acordo com a polícia, durante uma visita, os dois brigaram e Paola foi agredida por Nathan, deixando a cadeia com lesões corporais. Um agente penitenciário precisou intervir. O caso, porém, não foi registrado.
Poucos dias antes da execução, eles brigaram e a jovem terminou o namoro. Ela foi ameaça por Nathan e publicou nas redes sociais uma mensagem chamando o companheiro de “corno”. Segundo a delegada Tatiana Bastos, da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de Porto Alegre, esse post foi sua sentença de morte.
Como aconteceu a execução
A jovem desapareceu no dia 13 de maio, quando combinou de se encontrar com duas pessoas indicadas por Nathan – Vinicius e Carlos. A dupla foi buscá-la de carro na localidade conhecida como Cefer Dois, no bairro Jardim Carvalho, em Porto Alegre, e a levou até o local determinado pelo namorado, uma residência na Vila Tamanca, no bairro Lomba do Pinheiro.
No local estavam também um adolescente, um outro homem (Paulo) e uma mulher (Thaís). Paola foi amarrada e colocada em uma cova rasa, onde permaneceu por horas. A jovem falava ao telefone com Nathan, para quem pediu desculpa. No entanto, depois de sofrer tortura psicológica por parte dos criminosos, foi executada com dois tiros no rosto a mando de Bruno, gerente da mesma facção na área onde o crime foi consumado.
“Não houve pagamento a ninguém. Foi troca de favores dentro da facção”, destaca Tatiana.
A delegada relatou, ainda, que o vídeo foi feito por Thaís no celular da própria vítima. As imagens serviriam para enviar como prova para Nathan e Bruno que o “serviço” havia sido cumprido.
O local do crime foi escolhido para tentar despistar a polícia, até mesmo por ficarem distantes cerca de 10 quilômetros um do outro.
“É uma tática comum usada pelos criminosos, ainda mais quando a facção domina várias áreas. Por isso também que um gerente precisa pedir autorização para o outro, como foi nesse caso”, explica a delegada.
O trabalho da polícia
A polícia chegou, inicialmente, ao mandante do crime, que também era namorado da vítima. A partir dele, conseguiu identificar outros suspeitos. Um deles, que foi o responsável pelos dois disparos que vitimaram Paola, foi preso no dia 19 de maio. Vinicius Matheus da Silva, de 20 anos, confessou o crime. Além dele, a polícia também identificou Nathan e Bruno como mandantes. Os dois, contudo, já estavam presos na Cadeia Pública de Porto Alegre.